Bloomberg — O temor de que a alta das taxas de juros nos EUA leve a uma recessão da maior economia do mundo pesou nos mercados brasileiros ao longo da semana. Os investidores reduziram fortemente as apostas na aceleração da inflação doméstica, tanto pela possibilidade de uma desaceleração global quanto pelo efeito sobre o preço das commodities.
A taxa de inflação embutida nos títulos públicos de dois anos desabou de 7% na semana passada para 6,1% nesta quinta-feira, o menor nível desde abril. A inflação esperada pelo mercado no longo prazo também recuou: a taxa de cinco anos diminuiu de 6,8% para 6,3% na mesma base de comparação.
Há ainda um componente local, diz Carlos Menezes, gestor de renda fixa da Gauss Capital. Segundo ele, o projeto de lei que reduz impostos sobre tarifas e preços de combustíveis, juntamente com o recuo das commodities, também tem sido responsável pelo recuo recente das taxas de implícitas.
O movimento visto nos papéis da dívida pública indica que os investidores optaram por reduzir a exposição na inflação implícita dos títulos, mas sem necessariamente se desfazer das NTN-B, título que paga IPCA mais uma taxa de juros. Em um primeiro momento, eles saem apenas das posições que apostam na alta das taxas futuras do mercado de DI na B3, que tem mais liquidez, e mantêm posições doadas, que ganham com a queda, nos juros reais das NTN-B.
Dessa forma, quem estava comprado em inflação implícita só saiu do DI e segue aplicado em juro real, diz Menezes. Isso explica parte da queda dos juros futuros nos últimos dias, movimento que foi acompanhado por recuo dos juros reais.
Nesta sexta-feira, as taxas de inflação implícita operam em alta e a taxa de dois anos sobe mais de 30 pontos, para 6,45%, com a piora da percepção de risco fiscal. O presidente Jair Bolsonaro anunciou que haverá aumento do Auxílio Brasil, de R$ 400 para R$ 600. O relator da PEC dos combustíveis, senador Fernando Bezerra, disse que a proposta ajustada terá impacto fiscal de R$ 34,8 bilhões com ajuda de R$ 1.000 para caminhoneiros.
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