Bloomberg Línea — Os últimos dias foram agitados para a Simpar (SIMH3), holding que controla seis das maiores empresas do país no segmento de transporte e veículos. Na última sexta-feira (27), a Original Holding, rede de concessionária de veículos no guarda-chuva da Simpar, foi rebatizada como Automob. Nesta segunda (30), a Automob anunciou a compra do Grupo Green, dono de nove concessionárias das marcas Volkswagen (4), Peugeot (3) e Citröen (2) na cidade de São Paulo, maior mercado do país. Foi a sua segunda aquisição em um mês, depois de levar a rede de marcas de luxo Autostar no fim de abril.
O negócio foi fechado por R$ 128 milhões, dos quais R$ 79,2 milhões serão pagos em dinheiro aos sócios Mauro Saddi e Marcelo Saddi, até então proprietários do Grupo Green, R$ 19,8 milhões em ações da Automob e R$ 29 milhões em dívidas que serão assumidas. Com isso, os membros da família Saddi passam a deter, conjuntamente, 1,62% do capital da Automob e se juntam a Alessandro Soldi (10,5%) Giovanni Delle Sedie (9,1%), Maurício Portella (3%), Fernando Portella (3%), além da própria Simpar (72,8%), como acionistas da rede de concessionárias que está em expansão.
Com a aquisição, a Automob passa a ter 73 concessionárias de veículos, distribuídas pelos Estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Maranhão, comercializando 20 marcas de carros e quatro de motos, além de uma empresa de blindagem. O negócio também traz uma receita de R$ 418 milhões, obtida no ano passado a partir da venda de 3.200 veículos. Considerando os resultados de 2021 e incorporando as vendas do Grupo Green, a Automob passaria a ter um faturamento de R$ 4,6 bilhões.
“Esse é o maior portfólio de marcas do Brasil. Nosso objetivo é atender nossos clientes da melhor forma caso ele decida trocar de marca de carro. Estamos em franca expansão para buscar a liderança também no número de veículos vendidos no Brasil”, disse, em entrevista à Bloomberg Línea, Denys Marc Ferrez, vice-presidente de finanças da Simpar.
O novo negócio da Automob foi bem recebido pelo mercado, ainda que a empresa não seja listada. “A aquisição é importante para fortalecer o relacionamento do grupo Simpar em todo o ecossistema de montadoras no Brasil. O grupo é um dos maiores compradores de veículos do Brasil, e a manutenção desse posicionamento [escala de compra] é de relevante importância para as atividades de suas controladas Vamos (VAMO3), Movida (MOVI3) e Original [agora, Automob]”, disse Renato Hallgren, analista do Banco do Brasil, em comentário enviado à Bloomberg Línea.
R$ 35 bilhões em receita até 2024
O anúncio da aquisição ocorre na esteira do guidance - projeção - apresentado pela Simpar na semana passada. A empresa estima obter em 2024 uma receita bruta de R$ 35 bilhões, o que significaria mais do que dobrar a receita bruta de R$ 15,45 bilhões da holding em 2021. No ano passado, o presidente da Simpar, Fernando Antonio Simões, havia sinalizado para investidores que enxergava a possibilidade de o grupo chegar aos R$ 35 bilhões em 2025. A meta acabou antecipada em um ano.
“Anualizando nossa receita do primeiro trimestre de 2022, chegamos a um valor de R$ 20 bilhões [em receita anual], mas existem outros R$ 4 bilhões que ainda serão incorporados das aquisições que fizemos. Assim, acreditamos que teremos condições e oportunidades de chegar aos R$ 35 bilhões, que, aos olhos do mercado, não pareciam factíveis no ano passado”, diz Ferrez.
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