13 economistas e gestores reagem à alta da Selic; confira previsões

No comunicado, o Banco Central ponderou que a conjuntura incerta e volátil exige serenidade na avaliação dos riscos

Copom acrescentou que a “incerteza da atual conjuntura” e o “estágio avançado do ciclo de ajuste” demandam “cautela adicional”
Por Patricia Xavier - Josue Leonel e Maria Eloisa Capurro
05 de mayo, 2022 | 10:10 AM

Bloomberg — Banco Central confirmou as expectativas de elevação da Selic em 1 ponto percentual, para 12,75%, e indicação de uma extensão em junho, de menor magnitude. Dessa vez, no entanto, o Copom colocou a indicação como “provável” e acrescentou que a “incerteza da atual conjuntura” e o “estágio avançado do ciclo de ajuste” demandam “cautela adicional”.

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Por outro lado, alguns analistas viram a comunicação como mais dura que o esperado, ao destacar que o BC não se comprometeu diretamente com o fim do ciclo, sem garantia portanto de que o aperto termine em junho. Citam ainda a expressão avançar “significativamente em território ainda mais contracionista”.

BC destacou que o ambiente externo segue em deterioração, com problemas de oferta vindos da nova onda de covid-19 na China e da guerra na Ucrânia, além da volatilidade gerada pela política monetária dos países avançados.

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Já os indicadores brasileiros divulgados desde a última reunião do Copom indicam crescimento em linha com o que era esperado, enquanto a inflação ao consumidor “seguiu surpreendendo negativamente”.

O Copom optou por manter a premissa de que o petróleo deve terminar o ano a US$ 100, mas deixou de citar isso como cenário alternativo. A taxa de câmbio usada foi de R$ 4,95, com projeções de inflação em 7,3% para 2022 e 3,4% para 2023.

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BC também ponderou que a conjuntura incerta e volátil exige serenidade na avaliação dos riscos, enquanto no comunicado anterior, falava em assimetria altista. Veja o que dizem os analistas:

Cassiana Fernandez, Vinicius Moreira, economistas do JPMorgan

  • Mensagem mais hawkish sinaliza continuidade do ciclo, com graus de liberdade
  • As autoridades monetárias apontaram que uma posição mais agressiva dos bancos centrais dos países desenvolvidos poderia ajudar na desinflação global e brasileira, mas os sinais do Fed podem ter enfraquecido essa visão

Leonardo Porto, economista-chefe do Citi Brasil

  • Projeção de um último aumento de 0,5pp em junho está mantida, mas o risco maior é de o juro subir para um nível acima, e não abaixo, do cenário básico de 13,25%
  • O principal risco a ser monitorado nos próximos dias é se a escalada do tom hawkish será suficiente para interromper o processo de desancoragem em curso das expectativas de inflação, especialmente para os horizontes mais longos

David Beker, chefe de economia no Brasil e estratégia para América Latina do BofA

  • BC sinalizou a extensão do ciclo de alta até junho, mas observou que passos futuros podem ser ajustados
  • Mensagem foi neutra
  • Espera uma última alta de 0,50 pp em junho, com Selic a 13,25%

Mauricio Oreng, chefe de Macro Research do Santander Brasil

  • Embora o Banco Central não tenha sido tão enfático em encerrar o ciclo em breve, interpretamos a declaração como um sinal de um pequeno risco de alta, conforme previsão de alta final de 0,50 pp em junho e Selic terminal de 13,25% no ciclo
  • "Continuamos achando que estamos próximos do fim do ciclo e, pelo menos por enquanto, não vislumbramos mais movimentos no segundo semestre"

Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs

  • "Copom entregou o que sinalizou para esta reunião, deixou bem claro que provavelmente haverá outra alta em junho, embora menor que a de hoje, e não mencionou que estamos perto de encerrar o ciclo"
  • Não há garantia de que o ciclo termine em junho
  • “Eles simplesmente não dizem que estamos chegando perto do fim do ciclo. Eles só dizem que haverá mais em junho”

Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos

  • “É um comunicado mais duro do que esperava o mercado. Deixa a porta aberta para um ajuste talvez mais intenso e longo”
  • BC diz que vai desacelerar na próxima, talvez tentando ir para um ajuste mais fino, mas em nenhum momento do texto ele fala que vai parar ou que está pensando em parar
  • Mantém projeção de Selic a 13,75%, que pode ser com duas altas de 0,50pp "ou até o próximo Copom se convencer de fazer um ponto percentual na próxima"

Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital

  • "Banco Central voltou à forma tradicional e ortodoxa de fazer suas estimativas e projeções para inflação e deixou de lado o cenário alternativo do comunicado anterior"
  • “A própria instituição entendeu que é preciso ter uma política monetária ainda mais contracionista do ele mesmo queria na decisão de 45 dias atrás”
  • Fato de o BC não deixar explícito qual será esse ajuste e ainda ter deixado porta aberta para, talvez, mais de um aumento, pode deixar algum espaço para os juros subirem ainda mais na quinta-feira

Gustavo Pessoa, sócio e gestor da Legacy Capital

  • "O Copom fez um comprometimento leve com a próxima alta de até 50 bps. O BC já considera a próxima reunião como extensão do ciclo, ou seja, o ciclo está acabando"
  • "A barra é muito alta para subir em agosto", disse, considerando a proximidade das eleições
  • “Se ele subirá ou não na próxima reunião deve depender muito dos dados e do câmbio”
  • "O balanço de riscos não é mais altista"

Carlos Menezes, gestor da Gauss Capital

  • “Copom veio ligeiramente mais hawk que o mercado, que havia ficado mais dove pós Fomc”
  • "Indicou mais uma alta de menor magnitude, mas não que seria a última alta, deixando claro que pode avançar ainda mais no terreno contracionista. O que deixa ainda viva a chance de alta na reunião de agosto"
  • "Cenário mais provável é de mais uma alta de 0,5pp e fim do ciclo"

Sergio Goldenstein, estrategista-chefe da Renascença

  • A piora das projeções e das expectativas de inflação embasa a continuidade do ciclo de aperto monetário
  • “Tem uma nuance de o Copom agora falar que a extensão do ciclo é provável, o que é menos assertivo do que as comunicações anteriores”
  • "Acaba sendo um hedge para não ocorrer aperto adicional em junho caso haja uma melhora das perspectivas para a inflação"
  • Importante também a menção de que o estágio avançado do ciclo, os efeitos defasados e a elevada incerteza da conjuntura demandam cautela adicional na política monetária
  • "Indica uma baixa probabilidade de o ciclo continuar após junho e de uma Selic terminal acima de 13,25%"

Elisa Machado, economista-chefe da ARX Investimentos

  • Comitê optou por ganhar flexibilidade para as próximas decisões, ao sinalizar como "provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude"
  • “Essa opção pela flexibilidade em vez do guidance específico, como o adotado nas reuniões anteriores, é acertada, tendo em vista o estágio do ciclo e a elevada incerteza do cenário, que inclui uma guerra e reflexos da pandemia”

Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original

  • "A soma das expressões 'provável', 'um ajuste' e 'cautela' nos sugere que o seu cenário básico contemplaria, no máximo, uma última alta de 0,50 ponto percentual em junho, em linha com o nosso cenário de Selic terminal em 13,25% ao ano"

Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter

  • "Apesar de acharmos que poderia encerrar o ciclo nesse momento, uma provável alta de 0,5 pp em junho tem impacto residual, uma vez que a taxa já está em território bastante contracionista"

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