Como evitar a covid em um mundo praticamente sem máscaras

À medida que as regras diminuem, fica mais difícil evitar a infecção. Aqui estão algumas maneiras mais simples de minimizar seu risco.

O esforço agora é pessoal, nao social
Por Lisa Jarvis
25 de abril, 2022 | 11:56 AM

Bloomberg Opinion — A suspensão das exigências do uso de máscaras em aviões nos Estados Unidos e, em muitas partes do país, no transporte público, é um grande ponto de virada na resposta à pandemia. A partir de agora, ao que parece, evitar ou minimizar a infecção por covid-19 será um esforço pessoal, não social.

Isso é para algumas pessoas uma mudança bem-vinda em direção à normalidade e para outras um motivo de ansiedade e confusão. Muitos ocupam um estranho espaço intermediário entre não querer jogar a toalha e também querer se libertar de algumas restrições. Cerca de 42% dos adultos nos EUA voltaram a algumas, mas não todas, atividades pré-pandemia, de acordo com uma pesquisa da Kaiser Family Foundation.

À medida que as regras diminuem, fica mais difícil evitar a infecção – especialmente à medida que circulam variantes mais contagiosas e a transmissão comunitária se torna mais difícil de rastrear.

“Parece que estão nos pedindo que participemos de uma queda de confiança generalizada”, diz Ajay Sethi, epidemiologista da Universidade de Wisconsin-Madison, fazendo referência àquela dinâmica que foi muito difundida em exercícios de formação de equipe, que envolve cair para trás e contar com os colegas para pegá-lo antes de você cair no chão. “Quando foi a última vez que você participou de um exercício desses e gostou?”

Calcular e gerenciar o risco pessoal de pegar covid em uma comunidade pode estar ficando mais complicado, mas ainda é possível. Aqui estão algumas maneiras mais simples de minimizar seu risco.

Faça a sua parte: vacine-se

Vale a pena repetir alguns conselhos óbvios: a melhor maneira de se proteger contra a covid-19 é ser vacinado. A fadiga relativa à covid está desencorajando algumas pessoas que aguardaram ansiosamente para receber suas primeiras doses há um ano de ir tomar seus reforços agora. Mas os dados são claros de que as vacinas mantêm a maioria das pessoas fora do hospital e estima-se que salvaram 1,1 milhão de vidas no primeiro ano em que estiveram disponíveis. O valor de um primeiro reforço para grupos de risco também é claro. Além de diminuir o risco de doenças graves, os cientistas descobriram que melhora a potência e a amplitude das células de memória do sistema imunológico para que estejam melhor equipadas contra novas variantes. No entanto, apenas cerca de 30% das pessoas nos Estados Unidos receberam seu primeiro reforço, o que deixa espaço para melhorias.

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Agarre-se a sua máscara

A obrigatoriedade de uso de máscara foi praticamente suspensa, mas os especialistas em saúde pública com quem conversei são quase unânimes sobre o benefício de usar máscaras em situações em que as pessoas estão aglomeradas em ambientes fechados. De fato, a atual recomendação mais significativa é atualizar sua máscara para uma N95 ou equivalente.

Isso inclui aviões. Sim, os aviões têm excelente filtragem de ar – mas apenas durante o voo. Os sistemas de fluxo de ar normalmente são desligados quando os aviões param no portão ou no taxeamento, e o risco de transmissão de vírus é alto.

As pessoas que sofrem de fadiga da máscara devem se lembrar: as máscaras não precisam ser uma proposta de tudo ou nada, diz Asaf Bitton, professor de política de saúde da Harvard Medical School. Considere o seu estado de vacinação e seus arredores. Ficar sem máscara é muito menos arriscado em uma grande loja com tetos altos, ventiladores e um sistema de HVA do que em um ônibus lotado ou vagão de metrô. Participar de um jantar com amigos que testaram negativo em uma casa com as janelas abertas e um filtro HEPA portátil funcionando é mais seguro do que sentar lado a lado com estranhos em um restaurante.

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Em geral, vale a pena considerar a ventilação e a filtragem de qualquer ambiente ao decidir se deve usar uma máscara. Como argumentei antes, a higiene do ar é a maneira mais subestimada de reduzir a transmissão de covid.

A pista que vem do esgoto

Os dados sobre o número de casos tornaram-se menos confiáveis à medida que mais pessoas fazem auto-testes em casa ou simplesmente não fazem testes, mas existem outras maneiras de avaliar até que ponto a covid está circulando. Os dados de internações hospitalares continuam sendo a indicação mais confiável de um surto, mas esses números ficam aquém do aumento das infecções.

Para ver uma onda chegando, observe os dados de águas residuais, que rastreiam os níveis de RNA viral no esgoto. Todo mundo que tem covid joga evidências de sua infecção no vaso sanitário – evidências que existem mesmo antes de serem coletadas em um teste. Isso torna os dados de águas residuais uma boa sentinela para casos crescentes e um guia para saber quando ficar mais atento quanto a usar máscaras e transferir suas reservas de restaurantes para a área aberta.

Sethi também sugere ficar de olho nos dados de casos de comunidades vizinhas, o que pode ser um presságio de um aumento na sua vizinhança. Ele mora em Wisconsin, nos EUA, e observa dados vindos do estado de Michigan e Minnesota, que nos últimos dois anos estavam sempre algumas semanas à frente de seu estado.

Inclua a preparação para a covid nos planos de férias

As pessoas que finalmente estão tirando férias muito atrasadas e muito necessárias também devem considerar o status de covid em seu destino, diz Neil Maniar, diretor do Programa de Mestrado em Saúde Pública e em Saúde Urbana da Northeastern University. Confira também as taxas de vacinação local, bem como a exigência do uso de máscara. Se houver muito vírus circulando, talvez opte por comer apenas ao ar livre ou contratar um tour privado em vez de entrar em um ônibus com estranhos.

Se você estiver viajando para outro país, saiba o que acontece se você for infectado lá. Quanto tempo você precisaria de quarentena e onde você pode fazer isso. Como alguém que pegou covid recentemente em outro país, confie em mim quando digo que essas coisas acontecem com mais frequência do que se imagina.

Calcular constantemente o risco da covid pode parecer exaustivo, mas é a maneira mais segura de transitar em um mundo praticamente sem máscaras.

Lisa Jarvis, ex-editora executiva do Chemical & Engineering News, escreve sobre biotecnologia, novos medicamentos e indústria farmacêutica para a Bloomberg Opinion.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.

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– Este texto foi traduzido por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.

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