O futuro do dólar até as eleições

Também no Breakfast: Mercados em alta, apesar da escalada da guerra e nova onda de sanções; OMS se prepara para possível ataque de armas químicas na Ucrânia e Banco Mundial diminui projeção de crescimento da AL

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Bom dia! Este é o Breakfast - o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção da Bloomberg Línea com os temas de destaque no mundo dos negócios e das finanças.

Desde o começo do ano, o dólar vem rompendo sucessivas marcas a ponto de ser negociado abaixo de R$ 4,60, um patamar só visto antes da pandemia, há pouco mais de dois anos. A queda provocou uma corrida pelo papel moeda nos bancos e corretoras no último mês. Estrategistas de câmbio entrevistados pela Bloomberg Línea questionam se há espaço para a moeda americana cair ainda mais e tentam desvendar o comportamento do câmbio até as eleições.

Daqui até outubro, quando ocorre o pleito, o intervalo possível de variação para o dólar é enorme. Pode ir da casa de R$ 4,20 até perto de R$ 6, praticamente a mesma variação nos dois anos de pandemia, a depender da combinação dos mais diversos fatores internos e externos ao Brasil. “Tem essa coisa céu e inferno”, disse o economista Tony Volpon, estrategista-chefe da Wealth High Governance (WHG) e ex-diretor da área internacional do Banco Central, em entrevista.

Estas são as variáveis afetam o câmbio, segundo os entrevistados:

💸 No lado externo, vai depender da evolução da guerra na Ucrânia (e seu impacto nos preços de commodities), da agressividade com que os bancos centrais controlarão a inflação (e se eles vão mergulhar o mundo numa recessão), do fim (ou ressurgimento) da pandemia e como tudo isso afetará os fluxos de recursos para o Brasil.

💰 Do lado interno, a questão principal é o quanto o novo governo - independentemente de quem for eleito - terá disposição, apoio político e capacidade para enfrentar os principais problemas e colocar o país no rumo do crescimento.

Na trilha dos Mercados

Após uma semana de um intenso vaivém nas bolsas, os mercados parecem querer recuperar-se das perdas acumuladas no período. Esta manhã, as bolsas europeias e os futuros de índices dos Estados Unidos avançavam.

Na agenda não há nenhuma referência macroeconômica ou de política monetária capaz de marcar o rumo dos mercados. Os desdobramentos da guerra Rússia-Ucrânia, que parece longe de chegar a um fim, encabeçam o noticiário.    

⚠️ Nova ofensiva russa

A Ucrânia reportou esta manhã que ao menos 27 pessoas foram mortas e 30 outras ficaram feridas em um ataque com mísseis russos em uma estação ferroviária que estava sendo utilizada para evacuar civis na Ucrânia, disse a porta-voz regional Tetyana Ihnachenko. A estação fica em Kramatorsk, na região de Donetsk, no leste da Ucrânia.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, aposta que suas tropas podem obter uma vitória no leste da Ucrânia ao resgatar uma operação de seu exército, depois de não conseguir tomar a capital Kiev.  

⛔ Sanções econômicas

A União Europeia concordou em proibir as importações de carvão da Rússia. O pacote de sanções, que também inclui a proibição de entrada na UE da maioria dos caminhões e navios russos, foi assinado ontem pelos diplomatas do bloco.  

📊 Semana agitada no horizonte 

Os bancos iniciam nova temporada de balanços, o BCE se reúne na quinta-feira e serão divulgados indicadores tão importantes como o índice de preços ao consumidor dos EUA (+7,9% em fevereiro, a maior taxa dos últimos 40 anos) e o indicador alemão de confiança empresarial ZEW (que desabou 90 pontos percentuais em março, situando-se em território claramente negativo, -39,3 pontos, contra expectativas de +5 pontos).

🟢 As bolsas ontem: Dow (+0,25%), S&P 500 (+0,43%), Nasdaq (+0,06%), Stoxx 600 (-0,21%), Ibovespa (+0,54%)

Após oscilar entre perdas e ganhos, as bolsas norte-americanas finalmente fecharam no positivo. O tom mais duro do Federal Reserve (Fed) deixou os investidores ressabiados quanto aos efeitos de um aperto monetário demasiado intenso sobre a economia. O lado positivo, porém, foi que os mercados conseguiram mais clareza sobre os próximos passos do banco central. Ontem, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, disse ser favorável a uma elevação das taxas de 3% para 3,25% na segunda metade de 2022, enquanto o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, defendeu um caminho “comedido” para levar a política do Fed à neutralidade até o final de 2022 e início de 2023.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados

No radar

Esta é a agenda prevista para hoje:

• EUA: Estoques e Vendas no Atacado/Fev; Relatório WASDE (com previsões sobre o fornecimento de mercadorias); Contagem de Sondas dos EUA - Baker Hughes

• Europa: Espanha (Produção Industrial/Fev); Itália (Vendas no Varejo/Fev); Portugal (Balança Comercial/Fev)

• Ásia: Japão (Índice Economy Watchers/Mar; Índice da Confiança entre as Famílias/Mar)

• América Latina: Brasil (IPCA/Mar; Produção e Vendas de Veículos/Mar; Transações Correntes/Fev); Investimento Estrangeiro Direto/Fev)

• Bancos centrais: Pronunciamento de Fabio Panetta, do BCE

📌 E para segunda-feira, 11:

• Europa: França (Domingo: Eleições Presidenciais - 1º turno); Reino Unido (PIB; Produção do Setor de Construção/Fev; Produção Industrial/Fev; Balança Comercial/Fev; Vendas no Varejo do BRC/Mar)

• Ásia: China (Domingo: IPC/Mar); Japão (Empréstimo Bancário/Mar; Índice de Preços de Bens Corporativos CGPI/Mar)

• América Latina: Brasil (Boletim Focus do BC); México (Produção Industrial/Fev)

• Bancos centrais: Discursos de Raphael Bostic e Charles Evans (Fed)

Destaques da Bloomberg Línea

Softbank: Crise pode impactar valuation de startups, mas é ‘questão de ciclo’

ONU suspende Rússia do Conselho de Direitos Humanos apesar de abstenções

OMS se prepara para possível ataque de armas químicas na Ucrânia

Após reações, Lula diz que é contra aborto, mas que tema é de saúde pública

Também é importante

Ketanji Brown Jackson é a primeira mulher negra na Suprema Corte dos EUA. A votação de 53 a 47 afirmando a elevação da juíza federal de 51 anos teve o apoio de todos os 50 democratas do Senado e de apenas três republicanos - Susan Collins, do Maine, Lisa Murkowski, do Alasca, e Mitt Romney do Utah.

Fundos de ações têm pior desempenho dos últimos 5 anos. Mesmo com a alta de 14,5% do Ibovespa, as carteiras acumularam no primeiro trimestre resgates de R$ 31,9 bilhões. O mesmo aconteceu com os fundos multimercados, que tiveram uma captação líquida negativa de R$ 41 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Bank of America vê Ibovespa a 135 mil pontos após rali de commodities. O banco agora vê o principal índice de renda variável da bolsa brasileira negociado aos 135 mil pontos, ante os 125 mil calculados anteriormente – o que implica potencial de alta de 14,2% ante o fechamento de quarta-feira.

Banco Mundial diminui projeção de crescimento da América Latina. O organismo reduziu sua projeção de crescimento para a região de 2,7% para 2,3% em 2023 devido ao impacto inflacionário da invasão da Ucrânia pela Rússia e aos riscos de novas variantes da covid-19.

Bolsonaro recupera eleitores, mas economia ainda é desafio. Segundo pesquisa Genial/Quaest, Jair Bolsonaro está em segundo lugar, cresceu cinco pontos e soma 31% das intenções de voto. O ex-presidente Lula (PT), o primeiro colocado, está estável com 45% das intenções.

Opinião Bloomberg

Blackstone e o chefe do Real Madrid em um leilão? Esperamos que sim

Um negócio que combina exposição de curto prazo a uma recuperação nas viagens com proteção de longo prazo contra os estragos da inflação provavelmente atrairá muito interesse. Isso deve ser o presságio de uma disputa acirrada entre os grandes licitantes que desejam comprar a Atlantia, gigante italiana de infraestrutura apoiada pela família bilionária Benetton. Mas alguns dos protagonistas já têm um reputação quando se trata de evitar leilões complexos.

Pra não ficar de fora

⚽ A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) teria oferecido 12 milhões de euros para ter Pepe Guardiola como substituto de Tite à frente da seleção brasileira a partir de 2023, segundo o jornal Marca, da Espanha. A cifra não foi confirmada pela assessoria da CBF, que, a pedido da Bloomberg Línea, disse que “não irá se manifestar por ora”, mas a especulação foi o suficiente para gerar comentários nas redes sociais.

👀 Se comparada ao salário do atual técnico da Seleção, de cerca de 4 milhões de euros, segundo o ranking do site UOL de técnicos mais bem pagos, a cifra oferecida ao treinador do Manchester City seria três vezes maior, um aumento considerável por um técnico que nunca dirigiu outra seleção.

🏆 O número também representaria, em reais - cerca de R$ 61,92 milhões -, 10% da receita líquida da CBF em 2020, de acordo com o balanço da confederação.

Ao mesmo tempo, a oferta seria um corte pela metade dos atuais rendimentos que Guardiola tem atualmente, que superam os 25 milhões de euros por ano, segundo a revista France Football, a mesma que escolhe o melhor jogador do mundo.

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Edição: Michelly Teixeira | News Editor, Europe

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