Startup que une asfalto e favela

Também no Breakfast: Mercados hesitam enquanto avaliam sinais de bancos centrais; Goldman Sachs mantém ceticismo com ‘bull market’ da bolsa brasileira e Por que a conectividade entre metaversos será o próximo passo da Web 3.0

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Bom dia! Este é o Breakfast - o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção da Bloomberg Línea com os temas de destaque no mundo dos negócios e das finanças.

Estima-se que 60 milhões de brasileiros vivam em áreas com algum tipo de restrição de entregas, dos quais cerca de 29% moram em favelas. Mesmo com números superlativos, o acesso e o mapeamento destas regiões se apresentam como um dos maiores desafios enfrentados pelas empresas, além de um problema para os moradores.

Na tentativa de ajudar consumidores que, assim como ele, não conseguiam receber suas compras em casa, Sanderson Pajeú, ex-morador de um bairro periférico da Zona Leste de São Paulo, buscou respostas para a seguinte pergunta: Como a tecnologia poderia ajudar a diminuir os contrastes sociais e estruturais desta população, pelo menos no que diz respeito a serviços de entrega?A tentativa de colaborar o conduziu a uma oportunidade de negócio. Ele criou a naPorta, uma startup que trabalha no setor de última milha, termo usado para o processo de entrega final de mercadorias ou serviços

📦 Nicho de mercado

Cerca de 17,1 milhões moram em favelas, o equivalente a 8% de toda a população brasileira, segundo dados de 2021 do Instituto Locomotiva, em parceria com o Data Favela e a Centra Única das Favelas (Cufa).

“A maior dificuldade é o acesso a serviços básicos que o asfalto possui, como entregas de e-commerce, remédios, alimentação e até mesmo serviços essenciais como água e saneamento, simplesmente pelo CEP de suas casas”, disse Pajeú.

🏍️ O serviço foi lançado em 2021, com operações na Cidade de Deus e adjacências. Mas foi através de uma parceria com a OneDoor, plataforma de orquestração logística para digitalizar e otimizar as soluções oferecidas pela naPorta, que foi possível pensar em expandir a operação para outras comunidades brasileiras.

Na trilha dos Mercados

Sessão de ajuste aos sinais do Federal Reserve (Fed), aos quais se somam hoje os acenos do Banco Central Europeu (BCE). Com o giro mais agressivo do banco central dos EUA no que diz respeito ao aperto monetário e a expectativa em torno das atas do BCE, o mercado está hesitante.

Esta manhã, tanto os futuros de índices norte-americanos como as bolsas europeias flutuavam, indecisos, entre os campos negativo e positivo. O petróleo subia ligeiramente, após o recuo motivado ontem pela notícia de que a Agência Internacional de Energia (AIE) ofertaria 60 milhões de barris adicionais, reforçando a liberação de 180 milhões de barris já anunciada pelo governo dos EUA.O mercado de títulos públicos se recuperava de um rali que levou os prêmios dos bônus de 10 anos a superar os 2,6%, devolvendo-os à faixa de 2018. A queda no valor nominal dos títulos do Tesouro reflete as apostas de que o Fed realize o aperto monetário mais forte em quase três décadas.

Depois de colecionar pistas da ata do Fed, que veio com um “hawkish” e avançou detalhes sobre seu plano de retirada de liquidez do mercado, os operadores terão pela frente sessões de ajustes ao novo cenário, com a torneira de benesses dos bancos centrais se fechando e o ambiente ainda desfavorável para a inflação, já que a guerra e a covid afetam a provisão de commodities e as cadeias de produção.

👁️ Atentos ao plano de ação

Além de digerir a ata de ontem do Fed, o mercado ficará atento à minuta, hoje, do banco central europeu e às declarações de figuras importantes de bancos centrais, entre eles James Bullard, do Fed, defensor contumaz de subidas mais pronunciadas dos juros para controlar a inflação.

🟢 As bolsas ontem: Dow (-0,42%), S&P 500 (-0,97%), Nasdaq (-2,22%), Stoxx 600 (-1,53%), Ibovespa (-0,55%)

O Fed mais uma vez influenciou no clima dos mercados, que amargaram o segundo dia de perdas. Em sua ata de política monetária, o banco central norte-americano reafirmou que se inclina a um aumento dos juros e à redução de seu balanço patrimonial. Os preços do petróleo caíram pela segunda jornada consecutiva depois que a AIE anunciou uma liberação coordenada de suas reservas estratégicas para controlar o aumento do custo dos barris.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados

No radar

Esta é a agenda prevista para hoje:

• EUA: Pedidos Iniciais por Seguro Desemprego; Estoque de Gás Natural; Crédito ao Consumidor/Fev

• Europa: Zona do Euro (Vendas no Varejo/Fev); Alemanha (Produção Industrial/Fev; PCSI da Thomson Reuters/IPSOS/Abr); Reino Unido (Índice de Preços de Imóveis Halifax/Mar; Empréstimos Garantidos por Hipotecas; PCSI da Thomson Reuters/IPSOS/Abr)

• Ásia: Japão (Índice de Indicadores Antecedentes; Transações Correntes); Hong Kong (Reservas Internacionais/Mar)

• América Latina: Argentina (Produção Industrial/Fev)

• Bancos centrais: BCE publica atas de reunião de Política Monetária. Discursos de James Bullard, Charles Evans, Raphael Bostic e John Williams (Fed), além de Burkhard Balz (Bundesbank)

📌 E para amanhã:

• EUA: Estoques e Vendas no Atacado/Fev; Relatório WASDE (com previsões sobre o fornecimento de mercadorias); Contagem de Sondas dos EUA - Baker Hughes

• Europa: Espanha (Produção Industrial/Fev); Itália (Vendas no Varejo/Fev); Portugal (Balança Comercial/Fev)

• Ásia: Japão (Índice Economy Watchers/Mar; Índice da Confiança entre as Famílias/Mar)

• América Latina: Brasil (IPCA/Mar; Produção e Vendas de Veículos/Mar; Transações Correntes/Fev); Investimento Estrangeiro Direto/Fev)

• Bancos centrais: Pronunciamento de Fabio Panetta, do BCE

Destaques da Bloomberg Línea

Por que a conectividade entre metaversos será o próximo passo da Web 3.0

Goldman Sachs mantém ceticismo com ‘bull market’ da bolsa brasileira

Guerra na Ucrânia: novas sanções são impostas à Rússia

Rússia: Armazenamento de petróleo cresce com recuo na demanda externa

Bolsonaro é o maior beneficiado no impasse da terceira via, diz pesquisa

Também é importante

Irmãos Batista, da JBS, compram ativos da Vale por US$ 1,2 bilhão. A J&F Investimentos, de propriedade da família Batista, surgiu como a compradora surpresa de algumas das operações da Vale (VALE3) de acordo com um documento regulatório emitido na quarta-feira. Os ativos incluem minas de manganês e minério de ferro, bem como operações de logística, no valor total de US$ 1,2 bilhão, incluindo dívidas

Inter prevê para maio 1ª deflação do Brasil pós-pandemia. O Brasil deve ter leve queda do IPCA em maio, na primeira deflação desde o início da pandemia, em maio de 2020, segundo Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter. Ela estima que a inflação irá recuar 0,2% no próximo mês diante do alívio no custo da energia com a recuperação dos reservatórios de água, e a consequente implementação da bandeira verde a partir do próximo mês.

Covid: Casos diários superam 20 mil na China. A China registrou 20.472 novos casos de covid-19 na última terça impulsionados pelo aumento de infecções em Xangai, onde autoridades locais estão construindo a maior instalação de isolamento improvisada do mundo para tentar conter o surto.

Gympass compra startup de saúde mental no Brasil. A Gympass anunciou hoje a compra da Vitalk, um aplicativo de saúde mental fundado pelo russo Michael Kapps e pelos brasileiros Thomas Prufer e Juliano Froehner, que oferece programas de prevenção, cuidado e treinamento relacionados à saúde mental. O valor do negócio não foi revelado.

Opinião Bloomberg

EUA precisam de uma reserva estratégica para energia verde

A Reserva Estratégica de Petróleo dos Estados Unidos foi criada para proteger o país de interrupções no fornecimento de uma commodity essencial para sua economia. À medida que o mundo se move em direção a fontes de energia mais verdes, não faria sentido ter um plano semelhante para commodities vitais para uma transição suave?

Pra não ficar de fora

Já ouviu falar do Íbis Sport Club? Considerado um grande meme pela sequência histórica de derrotas nos anos 1980, a equipe do interior de Pernambuco criou uma legião de fãs nos últimos anos, que torcem mais para ver o time perder que ganhar, abraçando o estereótipo até no mascote rebatizado de Derrotinha.

👀 A atenção foi tanta que, no último ano, a equipe ganhou um fluxo inesperado de dinheiro após a história chegar aos ouvidos da Betsson - uma das maiores casas de apostas da Europa e que, presente desde 2008 na América Latina, tem agora mais planos na região, além de patrocinar o “pior time do mundo”.

🏆 “Essa foi uma estratégia de marketing muito bem colocada”, disse Andrea Rossi, diretor comercial do Sul da Europa e Latam da Betsson, em entrevista à Bloomberg Línea. “Estamos procurando um posicionamento da marca no Brasil, incluindo a aquisição da Suaposta e de outros canais de mercado. Realmente empurrando nossa marca para dentro do país”.

Sediada em Estocolmo e com ações negociadas no mercado de capitais de lá, a empresa adquiriu, em dezembro de 2019, 75% da brasileira Suaposta, mirando na então recém-aprovada legislação que passou a permitir que as apostas online funcionassem no Brasil, desde que administradas por uma companhia do exterior.

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Edição: Michelly Teixeira | News Editor, Europe

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