Bloomberg — O Banco Central Europeu pode encerrar um período de oito anos de juros negativos no final de 2022 ou início de 2023, acelerando os esforços para conter a inflação recorde na Zona do Euro, sinalizou um integrante do Conselho Geral da instituição, Bostjan Vasle.
Com a guerra na Ucrânia inflando preços que já vinham aumentando e com mais sinais de pressão salarial, as autoridades precisam ter “muito cuidado” para agir antes que novas pressões de preços se concretizem, afirmou o comandante do banco central da Eslovênia em entrevista.
Ele concordou com uma sugestão feita na semana passada pelo colega de conselho Klaas Knot de que as compras líquidas de ativos — programadas para terminar em algum momento do terceiro trimestre — podem cessar já em julho.
“O mais importante para mim é começar o processo em breve ainda neste ano e ter a oportunidade de sair do negativo na virada do ano”, disse Vasle, conhecido por ter uma das posturas mais agressivas entre os integrantes do BCE.
“Ainda esperamos taxas de crescimento muito positivas, e se esse cenário acontecer, não vejo razão para não continuar a normalização após a virada do ano e elevar os juros para acima de zero”, disse Vasle na segunda-feira (4) em Liubliana.
O BCE adotou juros negativos em 2014 para ressuscitar a inflação que havia caído em meio à crise da dívida da Europa. Agora a instituição tem o problema oposto: os índices de preços rodam ao triplo da meta de 2% e os custos de energia estão aumentando ainda mais desde que a Rússia invadiu a Ucrânia.
Como alguém que conviveu com a hiperinflação após o colapso da Iugoslávia, Vasle está ciente dos riscos relativos aos preços e defende uma estratégia “um pouco mais rápida” de normalização da política monetária do que alguns de seus colegas.
Apesar do salto de 7,5% nos preços ao consumidor nos 12 meses até março, a previsão de referência do BCE de 5,1% em 2022 “ainda é bastante realista”, de acordo com Vasle.
“Minha expectativa é que em um trimestre ou dois veremos o pico da inflação e, em seguida, um recuo gradual até o final do ano”, disse ele. “O último resultado de inflação foi realmente muito alto, mas no contexto do conflito e do aumento dos preços em vários segmentos de energia, isso não era tão inesperado.”
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