Suécia e Finlândia recebem garantias de proteção enquanto não ingressam na Otan

Rússia vem ameaçando os dois países por conta de sua candidatura; autoridades esperam retaliação em caso de efetivação da adesão

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Bloomberg — A Suécia e a Finlândia estão começando a obter garantias de auxílio se forem ameaçadas pela Rússia no período intermediário entre a candidatura para ingressar na aliança de defesa da OTAN e seu eventual aceite.

Os dois países nórdicos, que começaram a considerar seriamente ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte após a invasão da Ucrânia pela Rússia, temem um “período de carência” inseguro na porta do bloco, antes que a adesão plena desbloqueie as garantias de segurança coletiva. A Rússia ameaçou repetidamente os dois países com possíveis consequências.

Os Estados Unidos estão “prontos para oferecer várias formas de garantias de segurança” a ambos os países, disse a ministra das Relações Exteriores da Suécia, Ann Linde, na quarta-feira (4), após conversas com o secretário de Estado Antony Blinken em Washington, D.C., segundo a emissora pública SVT. Espera-se que a Finlândia envie sua candidatura antes de 17 de maio, ao passo que a posição da Suécia é menos clara.

Também na quarta-feira, o secretário de Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, disse a repórteres na Finlândia que “é inconcebível que o Reino Unido não apoie a Finlândia ou a Suécia se forem atacadas”, independentemente do estágio do processo de entrada na Otan em que se encontrem, segundo diversas mídias.

“Esperamos três tipos de intimidação ou ação”, disse o ex-primeiro-ministro finlandês Alexander Stubb em entrevista à Bloomberg TV na quinta-feira (5). “Um desses tipos é o híbrido, outro é o cibernético e o outro é informação. A guerra da informação já está acontecendo.”

Stubb mencionou cartazes que apareceram nos últimos dias na capital russa, inclusive fora da embaixada sueca, alegando que Astrid Lindgren, autora de Pippi Longstocking, ou Ingvar Kamprad, criador da IKEA, apoiava os nazistas

As garantias dos EUA não são o mesmo que garantias de segurança, disse Linde, mas significam que “ficaria claro para a Rússia que, se eles conduzissem quaisquer atividades negativas em relação à Suécia – o que ameaçaram fazer – os EUA não deixariam isso passar despercebido, sem fazer nada.”

Os dois países nórdicos foram repetidamente informados pelo secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, que seriam recebidos de “braços abertos” e com um “processo rápido”.

“Também estou certo de que conseguiremos encontrar acordos para esse período intermediário” entre as solicitações “e até que a ratificação formal seja finalizada em todos os 30 parlamentos”, disse Stoltenberg em 28 de abril. “Estou confiante de que existem maneiras de passar esse período de uma maneira que seja boa o suficiente e funcione tanto para a Finlândia quanto para a Suécia.”

A “melhor garantia de segurança” seria “manter o processo de ratificação o mais curto possível”, disse a primeira-ministra finlandesa Sanna Marin a repórteres em Copenhague na quarta-feira. Outras medidas podem incluir o aumento dos exercícios de treinamento conjunto, que levaria as tropas da Otan para o território dos dois países, e o compartilhamento aprimorado de informações.

As nações nórdicas são parceiras próximas da OTAN, possuem equipamentos altamente compatíveis e frequentemente treinam em conjunto com a aliança.

Esta semana, o chanceler alemão Olaf Scholz tentou acalmar os temores quanto ao risco de segurança no caminho para a adesão, dizendo que, como colegas europeus, a Suécia e a Finlândia podem “em qualquer caso, sempre contar com o apoio da Alemanha, independentemente da adesão à Otan e também durante o período anterior à decisão da Otan.”

O primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Store, cujo país já é membro, falou da necessidade de a OTAN enviar “um forte sinal de segurança” quando receber os dois candidatos.

Não há ameaça militar imediata, disse Marin. As autoridades finlandesas alertaram que ataques cibernéticos e violações do espaço aéreo provavelmente estarão entre as formas de retaliação da Rússia.

As preocupações não são infundadas, sinalizou a premiê sueca Magdalena Andersson. “A Rússia foi clara, eles vão reagir. Estamos cientes disso”, disse.

--Com a colaboração de Niclas Rolander e Francine Lacqua.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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